terça-feira, 22 de março de 2011

Deixa-me Sonhar

Deixa -me viver meus sonhos virtuais.
Serei o mais belo dos homens!
Mesmo que em mim abrigue
o mais triste dos mortais...
Deixa-me viver meus sonhos virtuais!
Terei fadas sem rosto,
mulheres de todos os tipos!
Moças, velhas e donzelas...
Viverei o amor infinito.
Deixa-me viver meus sonhos virtuais...
Quero meu cavalo branco!
Com asas prá voar a qualquer canto.
Deixa-me sonhar... sonhar...
Serei o mais rico dos homens,
terei o poder nas mãos!
Comprarei pagando à vista
a mais cara ilusão!
Farei mulheres suspirarem.
Sobre o mar viajarei.
Construirei castelos de areia...
dentro dele, serei rei.
Terei mulheres e letras,
de um teclado qualquer...
E de uma, serei puro sonho,
o maior dessa mulher!
Quero estrelas da noite,
quero banho de luar...
Deixa, deixa-me sonhar!
Mesmo que em mim abrigue
o mais tristes dos mortais...
Que do real, restou-me nada...
Somente os sonhos virtuais!
Quero planetas distantes,
cometas passantes...
O poder dos sonhos!
Ser tudo e nada ao mesmo tempo...
Ser um fio na tomada,
um virtual sentimento.
Serei como a alma, imortal,
enquanto virtual for!
Serei sempre chama a
queimar o desamor...
Legião de solitários, vinde a mim!
Vendo sonhos sem erários
e sem fins!
Ninguém vai me ver chorar,
nem sentir a minha dor...
Deixa-me sonhar... sonhar...
Atrás de um computador!
José Geraldo Martinez
Falando de Amor

A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil,
delicado e penetrante dos sentimentos.
É o mais independente.
Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos,
as distâncias, as impossibilidades.
Quando há afinidade, qualquer reencontro
retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto
no exato ponto em que foi interrompido.
Afinidade é não haver tempo mediando a vida.
É uma vitória do adivinhado sobre o real.
Do subjetivo para o objetivo.
Do permanente sobre o passageiro.
Do básico sobre o superficial.
Ter afinidade é muito raro.
Mas quando existe não precisa de códigos
verbais para se manifestar. Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas. O que você tem dificuldade de expressar a um não afim, sai simples e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.
Afinidade é ficar longe pensando parecido a
respeito dos mesmos fatos que impressionam,
comovem ou mobilizam. É ficar conversando
sem trocar palavras. É receber o que vem do
outro com aceitação anterior ao entendimento.
Afinidade é sentir com. Nem sentir contra, nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo. Quanta gente ama loucamente, mas sente contra o ser amado.
Quantos amam e sentem para o ser amado,
não para eles próprios.
Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo. É olhar e perceber. É mais calar do que falar, ou, quando é falar, jamais explicar: apenas afirmar.Afinidade é jamais sentir por. Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo. Mas quem sente com, avalia sem se contaminar. Compreende sem ocupar o lugar do outro. Aceita para poder questionar. Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais
esperanças. É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas quanto das impossibilidade vividas.
Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou sem lamentar o tempo de separação. Porque tempo e separação nunca existiram.Foram apenas oportunidades dadas (tiradas) pela vida, para que a maturação comum pudesse se dar.E para que cada pessoa pudesse e possa ser, cada vez mais a expressão do outro sob a forma ampliada do eu individual aprimorado.
(
Artur da Távola)